Do motivo ao divórcio, podem correr anos, muitos…

Recentemente, de forma curta e pragmática, dou por mim a expor na minha conta do Linkedin, uma parte que faltava da minha história de vida, provavelmente a mais importante, o divórcio. Aquela parte que desencadeou tudo o que vim a saber sobre mim e mais tarde a desenvolver em prol de outros, enquanto eneacoach e mentora. Um saber que se não procurasse, não encontrava. E, aqui reside a diferença entre muitos de nós, inconformados ou conformados, resignados ou não resignados, distraídos ou atentos, decididos ou apáticos.

Em alguns momentos da vida podemos conhecer várias posturas e até contraditórias. A questão final é:

Qual o resultado que queremos efectivamente para a nossa vida enquanto indivíduos e parceiros?

A partir do meu longo relacionamento/ casamento, foram seis anos do motivo à decisão, mais um ano até à consumação e depois mais três anos para o processamento emocional, no total correram dez anos. Assim, não admira que seja tão difícil para uns tomar a decisão e para outros aceitá-la, ou ambas. Não é!?

Existe o antes, o durante, mas também o depois!!!

É claro que tudo depende das circunstâncias e do tipo de personalidade de cada um, e aqui refiro pela primeira vez em artigo, o Eneagrama, a ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional, que muito contribui para compreendermos as nossas limitações, mas também as capacidades para as podermos contrariar com consciente eficácia. Apesar do meu contacto com a sabedoria do Eneagrama ter começado só em dois mil e dezasseis, acabou por servir na perfeição nos meus últimos três anos pós divórcio.

Quando nos divorciamos não estamos apenas a separarmo-nos de uma pessoa para eventualmente estar com outra, podemos estar a recuperar uma identidade esquecida ou perdida, ou, simplesmente, a evoluir como indivíduos e mais tarde como companheiros. A ordem é muito relativa e a vida bastante subjectiva.

Divórcio não é uma palavra que sonhei escrever, muito menos a desejei viver

Para uma separação ou um divórcio ser um processo construtivo e não destrutivo, para alguns ou para todos os envolvidos, é algo realmente difícil, palavra que não fazia parte do meu vocabulário há bastantes anos, mas resolvi escrevê-la por consideração a muitas situações que testemunhei e testemunho.

No início quando comecei a dar nota da minha decisão às pessoas que me rodeavam, reparava que os casados, tanto homens como mulheres, me felicitavam pela coragem e eu não percebia, porque para mim tratava-se de ser necessário e até urgente a dada altura. Hoje percebo e dedico o artigo, a todos aqueles que têm de ser corajosos para permanecer onde não são “felizes”.

“A mãe e o pai não se vão separar, apenas a mulher e o homem que um dia casaram”

Foi a mensagem transmitida aos filhos no dia da notícia da separação. Houve intenção de frisar que não eram os pais que se separavam mas a mulher e o homem que um dia casaram.

Orgulho-me de ter conseguido uma relação muito razoável com o pai dos meus filhos, não só porque temos um importante papel como pais e educadores, mas como adultos exemplo que devemos ser também para eles. Porque hoje as crianças e os jovens estão a “aprender” muito mais em casa com os exemplos que os pais lhe transmitem, do que com os exercícios na escola. Tudo isto é fácil? Não, nada!!! Mas, é simples;)

Uma década que valerá tudo, o que ainda há para viver

Outros textos se seguirão sobre relações interpessoais e divórcio em concreto, mas este é aquele texto em que assumo o meu processo pela primeira vez, sem poetizar. Um exemplo de decisão, partida em centenas de outras decisões, mas valeu. Tive que chegar a uma fase de transformação e tranquilidade absolutas, o texto e a sua partilha assinalam isso mesmo. Há muito para contar e viver, a trabalhar e a usufruir. Seremos melhores profissionais quanto melhores pessoas e humanos.

Obrigada e até breve!

Emília Teixeira – Eneacoach de Liderança de Vida

Originalmente publicado em www.emiliateixeira.pt